quinta-feira, 6 de junho de 2013




Pequenos “grandes” sábios

Trabalhar com crianças tem sido, para mim, uma experiência ímpar, principalmente no ensino de outro idioma que, modéstia parte, eles adoram. Com as crianças venho descobrindo, cada dia mais, o quanto elas são, apesar da pouca idade e do pouco tamanho, inteligentes e, muitas vezes, dão um verdadeiro banho de sabedoria em um adulto que acredita ser muito mais inteligente e esperto que eles. Dias atrás solicitei a uma sala de 1º ano (Fund. I) que fizessem um desenho referente ao conteúdo visto nas últimas aulas, a proposta era desenhar, em uma folha de sulfite, sua família e colocar o nome (em Espanhol) dos membros (Padre, Madre, abuelo...). Dois minutos depois me vem um aluno, com a folha em mãos e diz:
- Maestra! Já terminei!
Espantei-me, é claro. Peguei a folha de suas mãos e disse:
- Nossa, que rápido.
Olhei o desenho, analisei e disse:
 - Mas... aqui só tem desenhada duas casinhas, estão lindas mas... cadê a sua família que a Maestra pediu para você desenhar e colocar os nomes?
Ele me olhou com uma expressão de espanto e interrogação e disse:
- Ué Maestra, está aí óh! Você não está vendo?
Respirei fundo, refleti e não achei uma resposta adequada, analisei novamente e, a única fala que pude ter naquele momento foi:
- Não! Você desenhou duas casinhas, faltou desenhar a família.
- Aiiii Maestra, deixa eu te explicar. Minha família está dentro da casa, óh. Na primeira casa estão meu Padre, Madre, Hermana e yo... Na segunda estão meus abuelos, tíos, primos... entendeu?
Rapidamente pegou a folha das minhas mãos e disse que só estava faltando pintar, e logo mais me entregaria, saiu com um ar de sabedoria, e de indignação... como uma Professora não conseguia entender uma coisa tão simples. Claro que não esbocei nenhuma reação, aliás, estava tão bestificada com tanta esperteza e sabedoria que não disse uma palavra se quer.
É engraçado como nós adultos, que nos consideramos tão sabeis e inteligentes, cheios de responsabilidades, regras, compromissos e afins, nos esquecemos de que, na maioria das vezes, é mais fácil simplificar. Complicamos tanto e tanto quando viramos “adultos”, perdemos a inocência e, com ela, a sabedoria, tornamos nossa vida uma dificuldade que, por fim, nos tornamos reles expectores diante de seres pequeninos com mentes tão brilhantes. Minha vontade era de aplaudi-lo de pé mas, minha vergonha falou mais alto.

P.S. Nas séries iniciais (1º ao 5º ano) Professora em Espanhol é Maestra, nas seguintes é Profesora (com um “S” só). 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

"– A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...] A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre. – E depois que morre?, perguntou o Visconde. – Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?" (Monteiro Lobato)
Olá! Meu nome é Micheli, sou Professora na rede pública e privada de ensino. Leciono nas disciplinas de Português, Inglês e Espanhol, apesar de ser formada em Letras, com habilitação em Port./Inglês, fiz cursos de Espanhol e tenho o privilégio de lecionar a disciplina para crianças do ciclo I em um colégio particular. Como vida de Professor é um constante e eterno caminho de conhecimento, continuo estudando (e muito), tenho curso de especialização em atendimento ao aluno surdo (pela UFU - Universidade Federal de Uberlândia), terminando minha extensão em Políticas Públicas (pela USP - Universidade de São Paulo) e, no próximo semestre inicio Pedagogia (pela PUC - Pontifícia Universidade Católica). Ufa! Parece muito não é?!? Mas não é, na vida de um Professor, quanto mais estudamos mais descobrimos o quanto precisamos aprender mais, mais, mais e mais...